27 outubro 2010

Rotina do Sono

Desde sempre ouvi falar que bebê precisa de rotina para entender a vida, os livros também falam muito sobre isso, especialmente relacionado ao sono e à hora de dormir. Também se ouve muito falar em bebês que trocam o dia pela noite, inclusive na minha própria família conheço duas histórias de casos assim.
Sempre tive medo que isso acontecesse aqui em casa, então para o sono noturno, sempre - desde o primeiro dia - sigo uma rotina sagrada. To-do-di-a a mesmíssima coisa, sempre nos mesmos horários ou aproximadamente mesmos horários.
O sono diurno nunca teve muito padrão, e até hoje não segue os mesmos horários todo dia, o que é uma pena.
Para estabelecer a rotina da noite, desde que chegamos da maternidade, fizesse chuva ou sol, com visita ou sem, às 18h em ponto eu levava ele pro quarto, na penumbra e amamentava o tempo que ele quisesse. Nessa época, isso durava quase uma hora inteira. Depois de mamar, ia para o carrinho (ele dormiu à noite no carrinho até os 3 meses e meio) e dormia. Bebezinho, ele nunca deu um intervalo de 3 horas entre as mamadas... nem durante a noite. O máximo que ele conseguia era duas horas e meia. O tempo foi passando, passando e ele super entendeu a hora de ir dormir à noite.
Depois dos dois meses e meio, três meses, quando ele começou a ficar mais tempo acordado durante o dia, minha meta era conseguir estabelecer uma rotina para os cochilos diurnos. Aliás, é minha meta até hoje, porque ele até consegue ter um padrão mais previsível, apesar de facilmente alterável, de cochilos, mas não tem uma rotina certinha.
Hoje em dia, a hora dele ir pra cama à noite é por volta das 19h, 19h30. Depois que ele cresceu um pouco, passei uma hora pra frente a rotininha. Não foi fácil, ele estava muito acostumado a dormir por volta das seis da noite. Mas fui atrasando uns 10 minutinhos por dia e chegamos neste horário que é bom pra ele e bom pra mim, que ainda fico com umas duas horinhas livres por noite.
Os horários e as formas de adormecer variam com o tempo e ao longo do dia. Já tivemos fase dele adormecer no carrinho, enquanto eu tomava café da manhã, depois no carrinho na sala, hoje tá um pouco mais difícil, tenho que balançar ele na rede para capotar o menino. A soneca da tarde (na hora do almoço) é na base do peito mesmo... sem alternativas.
Meu plano hoje em dia é tentar aumentar as sonecas de meia hora para uma hora inteira, pelo menos 2 vezes por dia. Ele dorme muito picadinho e às vezes fico com a sensação de que ele acorda ainda precisando dormir mais um tiquinho.
A rotina noturna é que é fixa desde sempre. Quando dá a hora, por volta das seis e pouco, seis e meia, dou um banho quentinho, uma mamocada boa e berço. Ele ainda acorda umas duas ou três vezes por noite, sempre ofereço o peito e ele volta a dormir. Como ele entendeu bem esse processo, nunca tivemos aqui em casa uma noite em claro, um bebê acordado para brincar durante a noite.
Claro que sonho com uma noite inteira de sono, mas não posso reclamar do nosso esquema. Está funcionando, mesmo acordando algumas vezes a cada noite eu estou descansada e o bebê tá crescendo feliz!

21 outubro 2010

Primeiro Treino

Da série "minha primeira vez", sábado foi dia de ver o treino do Fluminense com o pai, nas Laranjeiras.
Tudo bem que ele num tava nem aí pro time, mas adorou a farra e os bandeirões!

20 outubro 2010

balanço I

Esses dias meu cunhado me perguntou se eu já tinha feito um balanço da vida pré e pós maternidade.  Claro que muita coisa mudou nesse tempo, desde a gravidez e principalmente agora, com o bebê, mas ainda não tinha parado para pensar oficialmente. A pergunta me desafiou, e desde então não paro de pensar nisso!

São tantas mudanças, em todos os aspectos da vida, que fica difícil escrever sobre isso de forma sucinta. Vou tentar separar em áreas pra ver se facilita:

Trabalho
Já desde antes de engravidar eu tava muito de saco cheio da vida de produtora. Apesar de curtir a ralação, estava cansada do tipo de trabalho e dos fins em si dos projetos. Estava cansada de ter que lidar com egos superinflados, glamour descabido, estrelices e etcetera. Apesar de sempre ter renegado minha formação em educação, estava sentindo necessidade de voltar para esta área. Acabei não conseguindo. Engravidei, continuei fazendo trabalhos de produção, mas de uma outra forma: criando e formatando projetos. Ainda não é o ideal, mas é bacana. Ainda não consegui voltar a trabalhar com todo gás, mas já estou pegando alguns trabalhinhos de leve. É muito difícil ser freelancer e cuidar sozinha de um bebê ao mesmo tempo, ainda mais assim, tão novinho.

Casa
Casa com criança é bagunçada, com bebê é quase o caos. Não sei as outras mães/famílias, mas aqui tá um bafo! Tudo bem que já não era um primor da arrumação antes do pequeno, mas agora a sensação permanente é de que um tornado passou por aqui. O apartamento é pequeno, temos bastante coisa, móveis de família grandes (por exemplo, dois sofás de TRÊS lugares na sala), o "quarto do bebê" é na sala, então se as coisas não estiverem milimetricamente nos seus lugares a sensação é de bagunça. E quem consegue arrumar a casa com um bebê pequeno?? Eu mesma não dou conta. Agora, com ele um pouco maior, até consigo fazer alguma coisa, mas ainda não consegui vencer todo o acumulado até aqui. Não tínhamos empregada/ajudante fixa e sempre nos viramos, fazendo tudo. Mas com o pequeno começou a ficar impossível (até porque ele quase não dorme durante o dia). Aí quando eu tava ficando quase louca com a bagunça, resolvi investir numa faxineira que vem de 15 em 15 dias para organizar e limpar a casa. Ainda não consigo dar conta de muita coisa, a lavanderia continua atrasada, comida só consigo fazer no final de semana. Se pensar muito dá agonia, mas um dia isso se resolve.

Malu
Quando eu era criança, dizia que não teria filhos. Sempre fui mais pra moleca do que pra boneca, sempre tive mais amigos homens que mulheres e nunca tive saco para mulherzinha. Curtia brincar com criança, mas elas nunca me arrebataram loucamente do nada, assim, só de olhar. Até que veio Júlia (minha sobrinha) para as nossas vidas. Ali surgiu uma história de amor alucinado, inimaginável, gigantesco e infinito. Uma parceria como poucas e uma ligação de outro mundo. Depois dela fiquei querendo uns pra mim, mas ainda assim, nunca fui de babar por qualquer criança. Aí passou o tempo, namorei e juntei com o Ren e depois de um tempo, começamos a avaliar o tema. Nossos planos eram de tentar uma gravidez em 2010 e fomos surpreendidos com um bebê no final de 2009. Descoberta a gravidez, eu ficava esperando cair sobre mim o 'manto da maternidade', subitamente um dia sentir aquele arrebatamento materno, aquela coisa comovente e quase melosa. Que nada... sei lá se isso existe mesmo ou é lenda, só sei que comigo não rolou. Claro que eu amei ter um bebê na barriga, sentir ele crescendo, ouvir o coração nas consultas, ver a caveirinha nos ultrassons! Mas grávida não me senti "mãe". Aí fiquei esperando o nascimento, talvez quando eu olhasse aquela carinha, virasse "mãe" na hora! Rá, que nada! É indescritível a sensação de ver a cara do filho pela primeira vez, assim que sai da barriga. É muito emocionante, mas também não foi ali que eu virei mãe automaticamente. E depois que sai, é tanta coisa, são tantas emoções (hehe) que nem consegui ouvir os sininhos na hora que vesti o tal 'manto'. Se é que eu vesti, né? Porque claro que me sinto mãe do meu pequeno, mas não essa 'mãe clássica', continuo me achando a mesma moleca de sempre, só que com um piccolo a tiracolo. Sou muito prática e sem frescura na comparação geral com outras mulheres. E lidando com o bebê não tem sido diferente, tenho a impressão de que vou ser mais para "amigão" do que pra "mãezona"... só espero que um dia ele não vire e diga: poxa, mãe, você bem que podia colocar um batonzinho para vir me buscar na escola...

atendendo a pedidos

19 outubro 2010

Primeira vez

Já tinha pensado em escrever antes sobre algumas primeiras vezes que rolaram, mas acabei deixando pra lá.
Até que neste final de semana rolaram algumas coisas que valem um textinho:

A primeira febre
Ou a segunda febre da vida. Pela primeira vez, o pequeno fez uma febre sem ser por reação à vacina. Tudo bem que não chega a configurar uma febre, e sim um "estado febril"... 37,5. Do nada, sem motivo, possivelmente um resfriado ou um dente à vista... só saberemos depois. Nada preocupante, a temperatura não aumentou, foi só acompanhar mesmo.

A primeira fruta
A pediatra sugeriu iniciarmos a introdução das frutas. Como ele só tem cinco meses e não temos pressa nenhuma, vamos aos poucos, respeitando o ritmo que ele quiser, sem forçar nada. Eu estava esperando uma primeira vez bem melequenta e com fruta espalhada pela casa inteira, forrei o carrinho, parti o mamão e comecei a raspar e oferecer para ele. Teoricamente, dizem que os bebês não sabem engolir 'sólidos', por isso colocam tudo para fora com a língua. Pois o pequeno devorou o 1/8 de mamão raspadinho! Fez uma cara de estranhamento, mas papou tudo.

A primeira festinha
Neste domingo fomos à primeira festinha oficial!! Casa de festas e tudo mais. Apesar do ambiente ser meio inóspito para um bebezinho: som alto, muita gente, mil luzes, o pequeno se comportou muito bem, interagiu razoavelmente, até tirou um cochilo! Até achei que fosse rolar uma agitação em casa por conta dos estímulos, mas ele passou por essa sem traumas!

E vamos nessa que as farras estão apenas começando!

17 outubro 2010

Sabadão

É fato que esta última semana o pequeno estava bem esquisitinho. Muito mais chorinhos reclamativos que de costume, o sono noturno (sempre tão reguladinho) meio esculhambado e um bebê mais (muito mais) colado com a mãe. Para fechar a semana com chave de ouro, uma febrinha de leve em pleno sábado.
Sabe-se lá o motivo... talvez um salto de desenvolvimento, talvez um possível resfriado, talvez dente, quem sabe??

Só sei que de sábado para domingo a noite foi de mamãe-telesena... de hora em hora uma mamocada para sossegar os ânimos do pequeno.

Aguardem cenas dos próximos capítulos.

13 outubro 2010

Enxoval enxuto

Assim que descobrimos a gravidez, aquela avalanche de dúvidas baixou por aqui. Como dar conta de enfiar todas as necessidades de um bebê num orçamento tão apertado como o nosso?
Ainda mais que depois de engravidar, calhou de não pintar nenhum projeto grande para fazer, então não ganhei dinheiro de verdade desde então.

Mas não ia ser isso que ia tirar meu sono. Guardei a grana que tinha para pagar as consultas do pré-natal e o parto.

Não sou de querer mundos e fundos, aliás, tenho cada dia mais me preocupado com o meu consumo e querendo menos coisas para mim e para minha casa. Claro que morro de amores por coisinhas fofas, design bacanudo, charme em forma de coisas, mas não compro. Se eu não precisar, não compro e ponto.

Aí que "precisar", quando você não tem dinheiro, ganha toda uma outra perspectiva. É nessa hora que você vê realmente o que precisa de verdade e o que não passa de um ímpeto consumista. E isso é muito bom de perceber.

O bebê não teve enxoval preparado, e até agora compramos pouquíssimas coisas para ele. Herdamos de outros bebês um monte de coisas e ganhamos outras tantas.

Ele também não teve um quartinho preparado especialmente. Quer dizer, o preparado especialmente rolou, num rolou foi o quartinho... A gente mora num apartamento pequeno, de quarto e sala. Até tem uma dependência de empregada, que foi anexada à sala pelo proprietário. Eu usava este espaço como escritório e decidimos transformar ele em "quarto do bebê". Dei uma bela geral nas minhas coisas, joguei muita coisa acumulada fora, doei livros e discos e desmontei meu 'escritório', que hoje ocupa um contêiner plástico e mora junto do sofá. Minha mesa virou trocador e recebeu um belíssimo acolchoado de Arca de Noé,  feito por vovó Patrícia. O armário era da pequena Júlia e estava conosco sabe-se lá por quê. A poltrona de amamentação tem uns 30 anos (no mínimo), linda e antiguinha, era da melhor amiga da minha mãe (que tem filhas que desprezaram essa preciosidade) e eu ganhei! Reformei, fiz uma capa e tá novinha em folha. Herdamos um berço de camping e resolvemos usar até onde desse e só comprar um de madeira se fosse preciso. Herdamos também a banheira, um cadeirão de alimentação, slings, canguru e várias roupas. Só gastamos dinheiro com o carrinho. Compramos um bom carrinho, de fechamento guarda-chuva e que aguentasse o tranco.

Não fizemos decoração, não fizemos lembrancinhas, não fizemos arranjo de porta nem nada.

Também não comprei nada de roupa de grávida. Usei algumas peças emprestadas mas o basicão mesmo, foi com as minhas próprias roupas. Entre gastar fortunas para fazer um enxoval gravídico e esgarçar minhas roupas para depois ter que comprar novas peças, preferi a segunda opção. Se tudo ficasse frouxo e folote, era melhor comprar roupas não-grávidas que além de mais baratas, seriam usadas por mais tempo. No final da gravidez eu tinha só umas 4 mudas de roupa que cabiam e vivia com elas. Resultado: as roupas não estragaram, continuam servindo e eu continuo usando!

No final das contas economizamos uma bela grana e não nos rendemos ao consumo desenfreado que normalmente envolve a chegada de um bebê, o que não combina com a nossa família mesmo. Continuemos assim!


Sessão extraordinária

Interrompemos nossa programação para informar que o bebê dormiu UMA hora completa em plena quarta-feira à tarde!!! Iuhuuuu

08 outubro 2010

Aahhhhhhhhhh, amamentação...

Com os peitões que tenho, nunca duvidei da minha capacidade de produção láctea enquanto nutriz. Tinha certeza que a amamentação ia ser ótima, que eles não estavam aqui numa função meramente recreativa.

Li muito, sabia que não tem essa de pouco-leite, leite-fraco e todos os outros mitos da amamentação.

Preparei o peito dentro do possível: bucha sempre e sol quando que dava.

Logo na primeira hora, o bebê vem mamar. Acerta a pega de cara, boquinha certa, pegando o bico todo, tudo lindo e maravilhoso.

Até aí tudo ótimo. Meu bebê é um mamão profissional, nos primeiros dias ficava cerca de 40 minutos mamando. E começou a esfolar o bico e incomodar um pouco. O intervalo que ele fazia era apenas uma hora e meia - e só, entre as mamadas. Tome peito. E o incômodo virou dor. Quando o leite desceu, meu peito ficou enorme, Fafá de Belém, bem dizer. Mas isso foi quase nada perto da destruição dos mamilos. O bebê praticamente roeu os lindos biquinhos dos meus pobres peitinhos. Destruição total. Ficou em carne viva e a dor ficou insuportável.

A cada hora e meia tinha gritaria e suor frio em casa. De madrugada, quem incomodava os vizinhos era eu, não o bebê. Meu médico acompanhando de perto a situação, me mandou passar uma pomada de grafite (começamos de leve, na homeopatia): não funcionou. Íamos no consultório quase que a cada 2 ou 3 dias. O quadro evoluiu para um princípio de mastite, tive que tomar um antiinflamatório e passar uma pomada cicatrizante e antibiótica. Doeu muito, o tempo inteiro. Os remédios ajudaram um pouco, mas nada resolveu o problema. Doía demais, eu chorava muito a cada mamada, era desesperador, desgastante, um inferno. Nada parecido com o quadro lindo de amamentação que a gente ouve por aí.  Momento mágico o cacete.

Só que nada desse mundo me faria desistir. Eu simplesmente não aceitava não superar essa dificuldade. E não queria, por nada nesse mundo, que meu filho tomasse leite industrializado e fosse privado dos benefícios do leite materno. Nem por um dia sequer. Sou teimosa mesmo e pronto.
O Sérgio, meu obstetra, nessa fase se mostrou mais atencioso e solidário ainda. Me ligava todo dia para saber como estavam indo as coisas e me dar força para aguentar. E repetia toda hora: um dia vai passar.

Sofri horrores, não foi nem um pouco fácil. Mas como eu disse, não ia desistir por nada. Apesar de urrar de dor a cada mamada, não deixei de dar o peito nenhum dia, nenhuma hora. Livre demanda total. E o bebê demandava bem que só ele. Eu chorava de dor toda vez, Ren se agoniava - segundo ele, foi mais traumático pra ele esse período do que o parto. Enfim, o caos.

Usei bico de silicone, tentei várias posições: no peito direito - o mais dilacerado - ele só mamava na vertical, para tentar amenizar um pouco a agonia. Tudo paliativo e nada de melhorar de verdade. Aí cansei dessa coisa de passar pomada, ferver bico de silicone toda hora (fora que ele tinha muitos gases por causa desse bico) e resolvi parar com tudo e pronto. No peito e na coragem. Muita dor e DOIS MESES E MEIO depois, passou. Passou a dor e a agonia. O esquerdo melhorou um pouco antes, não me lembro quando, mas o direito levou exatamente esse tempo para ficar totalmente bom: dois meses e meio! E passou, tudo, toda a dor, toda a agonia, tudo.

E é uma delícia amamentar. É fantástico ver o bebezinho sugando o peito, se deliciando com o leite, ver o leitinho escorrendo pelo canto da boca. Ver ele engordar com o seu leite. Depois que passa esse momento de trevas, é realmente mágico e lindo. Mas não é fácil.

Por isso tem tanta campanha de amamentação, porque é muito fácil ter motivos para desistir. É preciso estar muito certa, decidida e querer muito amamentar para passar por essas e outras e continuar amamentando. Até se fala que às vezes é difícil, pode rachar, pode isso e pode aquilo, mas é raro quem diga a real e fale que pode sim ser um tormento desgastante para a pobre recém-mãe.

Só digo uma coisa: vale a pena. Vale a pena insistir naquilo em que se acredita. Quem quer de verdade consegue superar qualquer coisa, qualquer adversidade. E hoje, quase cinco meses de amamentação exclusiva em livre demanda depois, com um bebê super saudável, fofinho e com mais de 7kg, tenho certeza que a dupla orgulhosamente ostentada por mim não é mesmo só para diversão!!!

06 outubro 2010

O Parto

E o menino demorou, né? Todas as grávidas da época pariram antes, até a Luciana de Viver a Vida pariu antes e nada do meu...
E como até então o menino ainda num tinha nascido, todas as apostas eram realmente para o dia do meu aniversário. E assim foi, aniversário e lá vou eu pra maternidade! Iuhuu

Mas tudo começou na noite anterior, exatamente à meia-noite de 14 pra 15, sexta para sábado. Lembro que ficamos conversando até tarde e quando estávamos nos preparando para deitar, vi um pouco de sangue. Opa! é o tampão, pensei. Como estava sem contrações regulares, comentei com Ren e fomos dormir, nem liguei pro médico. Eu estava muito ansiosa com aquilo tudo e doida para parir logo! Há uns bons dois meses que não dormia direito (hahahaha, como se fosse "melhorar" depois de parir, hohoho), a barriga tava gigante e eu não via a hora de ver o pequeno. Aí que nem consegui dormir exatamente bem, ficava tentando reparar nas contrações, vendo se aumentava muito o sangue, enfim, acompanhando tudo.

Lá pras sete e meia da manhã resolvi ligar pro médico. Ele ia atender uma pessoa no consultório e me pediu para dar um pulo lá para dar uma olhada. A essa altura eu já estava tendo contrações legais, apesar de não muito próximas e bem doloridas. Fomos ao consultório, umas nove e pouco, ele fez o exame de toque e confirmou: é hoje! E ficou super emocionado ao saber que era meu aniversário! Combinamos de nos encontrar no hospital à tarde e me mandou pra casa.

Na volta, resolvemos tomar café da manhã numa padaria porque eu estava morrendo de fome. Não consegui comer quase nada, tomei um chocolate quente e um pão de queijo. Em casa, dei uma geral na matula e fui deitar para tentar descansar um pouco. Liguei pra minha mãe e avisei que à tarde iríamos para a maternidade, que passaríamos na casa dela para pegá-la. Em 15 minutos ela tava aqui em casa, de tão ansiosa que tava com tudo.

Aí enrolamos aqui, telefonemas parabenizantes, dores, contrações, médico liga pra saber como estão as coisas. O que tínhamos combinado era ficar em casa um tempo e só ir para o hospital com o trabalho mais avançado. Marcamos de ir pra lá às 13h. Chegamos juntos ao hospital, nós e o médico. Fiz o check in, autorizações e tals, fomos para o quarto. Como as contrações ainda não estavam muito próximas e teríamos que esperar avançar mais, ele me aplicou uma sessão de acupuntura e ficamos lá conversando sobre amenidades praticamente a tarde toda. Quando vinham, as contrações eram bem doloridas, mas suportáveis. Lá pras cinco da tarde, as dores já estavam bem fortes e incômodas. Fui de banho quente, cócoras, contorcionismo, mas a barra tava ficando pesada.

O Sérgio tinha descido para agilizar a sala de parto normal e eu fiquei no quarto contraindo. Aí começou a doer mesmo. Olha que eu tenho uma boa resistência para dor e aguento bem, mas teve um momento em que começou a ficar demais, até pra mim. Pedi pra chamarem o Sérgio porque eu queria conversar sobre anestesia. Eu tinha pensado em tentar ir sem anestesia, em só usar se fosse muito difícil. Nessa hora, eu já não tava mais me aguentando, quando soube que iam me levar para a sala de parto. Nos meus planos, a idéia era ir andando para a sala de parto, mas a dor já tava me enlouquecendo tanto que tudo que eu queria nesse momento era parir logo e parar de sentir dor que nem me abalei em ir de maca.

Chegando na sala de parto, tiraram minhas impressões digitais e deram uma roupa pro Ren vestir. Fui para a sala de parto normal, pequena, uma paisagem cafoninha com uma janela (??) pintada na parede, pouca luz, tudo ótimo. Conhecemos a equipe: o anestesista - pernambucano e doido, claro! E o pediatra. Às 18h tomei uma anestesia e em 5 minutos tudo foi ficando mais tranquilo de levar. Como foi uma dose pequena, eu continuava sentindo tudo, menos a dor forte. Batemos um papo com o anestesista sobre Recife, mudanças para o Rio e generalidades e todos sairam para a sala de médicos. Fiquei eu e Ren na sala de parto, posição de cócoras. Quando vinha uma contração, o Sérgio vinha, analisava o processo (eu ainda estava terminando de dilatar) e saía. Nisso fomos, contrações e contrações até a dilatação total. Ótimo, tudo pronto pra esse menino nascer! Até então, a bolsa não tinha rompido. Como as contrações estavam bem próximas, o médico resolveu romper a bolsa artificialmente pra ver se agilizava a história.

Daí pra frente, foi uma loucura. Já não lembro exatamente muito bem das coisas, mas depois da bolsa rompida, quando vinham as contrações eu me danava a fazer força e empurrar. Nada acontecia. Era uma força descomunal que eu fazia e nada. E nada. Nada do menino nascer. O Sérgio ia monitorando o coração do bebê de tempos em tempos. Como nada dele nascer, ele resolveu chamar uma médica auxiliar, que morava perto da maternidade. Rapidinho ela chegou, uma maranhense baixinha, meio general, que começou a dizer que eu tava fazendo tudo errado! Rá! E aí, como é o certo, caceta? Enfim, continuei fazendo toda a força do mundo inteiro, e apesar do jeitão, acho que ela acabou ajudando um pouco.

Mesmo assim, nada do bebê sair. Fiz muita força e nada. Eu já estava bem cansada nessa hora, mas precisava parir. Mais uma monitorada no coração do bebê e a cara do obstetra se transfigura. Ok, alguma coisa estava errada ali.
Ele vem falar comigo que eles resolveram me transferir para a sala de cirurgia. Fo-deu, pensei... vou pra faca, putamerdaquebosta! Até então estávamos só nós 4 na sala (eu, Ren, Sérgio e a generala), quando mudamos para a sala de cirurgia, estava a equipe inteira e mais uns dois enfermeiros, aquela salona iluminada, instrumentos mil, toda a parafernália cirúrgica. Apesar de não querer cesariana, já estava até resignada, porque o menino precisava sair!

Na sala de cirurgia, fui para a mesa, deitadona, crente que ia pra faca. Só que meu querido médico guardava uma surpresa: eles iam tentar uma manobra de kristeller para ajudar o bebê a sair. Era a última cartada, porque o bebê estava começando a entrar em sofrimento.
Durante a contração, dois médicos praticamente subiram na minha barriga e empurraram para ajudar o bebê a descer. Nada feito! Eu realmente não queria operar, lembro de ter pensado nisso nessa hora e tomar um folegão pra empurrar como se não houvesse amanhã. Na segunda tentativa, muuuuuita força, DOIS médicos em cima da minha barriga: pluft, sai o menino!!!! Eu nem acreditei quando ouvi o choro desesperado do menino, que alívio, ele chorava muito, muito alto, um ótimo sinal! Cagou a equipe inteira, pelo que me disseram, e veio diretinho para cima da minha barriga. Lindinho, cheiroso, super emocionante!! Putz, eu tinha conseguido parir o bichinho! Ah, cronologicamente, eram 20h24 da noite!

Todos bem, bebê ótimo, vamos em frente que ainda temos trabalho! Levaram o menino para pesar, medir e tudo mais, Ren foi junto para não deixar fazerem nenhum procedimento com ele, nada de colírios, injeções, leites artificiais, nada! E eu fiquei lá na sala de cirurgia, olhei pro meu médico e vi que ele tava me costurando. Não escapei da episiotomia. Mas sinceramente, acho que foi uma episiotomia salvadora, acho que sem mais essa ajuda, ele não teria passado. Partes costuradas, ótimo, tudo que eu queria era ir embora pro quarto pra ficar com o bebezinho. Esses foram os minutos mais longos de toda a gravidez! Da hora em que tudo acabou na sala de cirurgia até o momento que o pacotinho, devidamente vestido e acompanhado pelo pai, chegou no quarto! Toda a ansiedade de saber como seria o rostinho do bebê tinha passado e ele tava lá com a gente, lindinho, fofinho, rosa, cheiroso, um amor gigantesco.

Assim que chegou no quarto, foi pro peito. Acertou a pega de cara e danou-se a mamar lindamente. Caiu num sono delicioso e foi descansar, que o começo da história aqui pro lado de fora não tinha sido fácil.

Uma sensação maravilhosa, diferente de tudo. Acho que é por aí que a ficha começa a cair, quando o bebê tá do lado de fora. Enquanto ele tá na barriga, tem o amor, tem o cuidado, tem a expectativa, mas ele ainda é você. Depois que sai, a responsa é mil vezes maior. Claro que bate um "será que vou dar conta?", mas é só ver aquele rostinho lindo, dormindo numa paz avassaladora, que você tem certeza de que vai dar conta sim, pode cair o mundo, que desse pitoco eu cuido!

05 outubro 2010

A Gravidez

Para confirmar a gravidez, fiz uma ultrassonografia prescrita por uma médica genérica qualquer, do plano de saúde. Mas eu precisava achar um bom médico para me acompanhar nessa jornada. Natureba que sou, queria um médico nessa linha, que me acompanhasse tranquilamente, sem exames e procedimentos desnecessários e - mais que isso - que não me empurrasse para uma cesariana precipitada e sem necessidade. Recebi a indicação do Sérgio, obstetra e acupunturista. De cara já gostei, há tempos procurava um acupunturista bacana aqui no Rio e juntando as duas coisas, melhor ainda! Gostei dele de cara, objetivo, direto, sem frescuras e divertido. Consultona, todas as dúvidas sanadas, coração do bebê ok, agulhas espetadas, pronto! E assim foi meu pré-natal, super tranquilo e mega bem acompanhada. Ia no Sérgio uma vez por mês, quase não ligava pra ele, pois não tive nenhum bafo durante a gravidez e assim as semanas foram passando. Poucos ultrassons, só os necessários, bem do jeito que eu queria.
Minha gravidez foi muito tranquila. Além do Sérgio, fui muito bem acompanhada pela minha nutricionista queridíssima, Patricia. Eu estava com medo de engordar muito, então fui extremamente criteriosa com tudo que comia. Resisti muito às bobagens, às vontades de doces e à vontade de devorar o mundo inteiro! Valeu a pena, engordei apenas 10kg e não inchei absolutamente nada.

A barriga demorou um pouco para aparecer, mas também, depois que deu as caras, cresceu absurdamente. Fiquei com um barrigão enoooorme!

A previsão do parto era para o dia 5 de maio, as tais 40 semanas. O bebê resolveu ficar mais um tempinho por aqui, esperou mais dez dias para sair. Escolheu justamente o dia do meu aniversário para nascer! Que presente! Praticamente seguindo uma tradição familiar, já que meu irmão mais velho nasceu no dia do aniversário da minha mãe!

Aí foi aquela comoção, TODAS  as ligações de parabéns recebiam a notícia que o bebê chegaria naquele mesmo dia! Se não tivéssemos segurado a galera, teria sido uma rave na maternidade!

E assim foi, no dia que completei 31 anos, chegou o nosso pequeno. E tenho certeza que a partir de agora minhas festas vão ser muito mais animadas!!