17 fevereiro 2014

O Parto da Marina

Pelas contas, DUM, previsões e matemáticas obstétricas, o parto estava "previsto" para o dia 27 de novembro, um dia antes do aniversário do pai. Previsto porque quem decide quando quer nascer é o bebê, né? Não adianta mandinga nem reza forte. Quando respeitamos o bebê, ele que diz a hora. Se não disse e quem disse foi o dotô, recomendo fortemente o filme O Renascimento do Parto e uma urgente revisão nos seus conceitos.

Levando em consideração meu primeiro parto, que foi quase às 42 semanas (e no dia do meu aniversário), não esperava nada antes do dia 27/11. Estava bem relax esperando esse dia chegar. Ou, seguindo a tradição familiar, o dia 28/11. 


Eu estava me planejando para sair de licença maternidade no trabalho no dia 22 de novembro, dia do último concerto da Temporada da orquestra e corri para deixar tudo pronto e organizado até lá. Tudo certinho, artistas acertados, datas fechadas, ensaios organizados, tudo lindo! Pendente tinha um e-mail e uma reunião marcada para o dia 19/11 à tarde. 


Tirei folga no dia 18/11, pois tinha horas extras acumuladas e meu filho não teria aula. Tínhamos mudado de casa há pouco, então aproveitei para ficar com ele, arrumar algumas coisas e ir na casa de uma amiga de minha mãe que estava desmontando a casa e se desfazendo de vários objetos. Ao longo do dia, vários telefonemas de trabalho, de fechamento da temporada, aprovações de material gráfico, fechamento de algumas pendências e um bom estresse envolvido. Até aí ok.
No fim do dia, comecei a sentir "choques" na virilha, mas acreditei ser uma preparação para o parto, que se aproximava. 

Já em casa, à noite, vi o tampão sair. Por volta da meia noite, raias de sangue. Nesse momento liguei o radar... O parto do Gabriel começou exatamente assim. Como estávamos a uma semana da "data prevista", estranhei...mas como estava sem outros sinais, ok. Voltei pra cama, na tentativa de descansar apesar de uma certa ansiedade pelo que viria depois. A partir das 3h da manhã as contrações começaram. Aos poucos, sem muita dor. Pelo quadro geral, desconfiei de trabalho de parto e mandei uma mensagem para o obstetra. Fiquei atenta às contrações e descansando. 

Dia 19/11 às 7h levantamos e vida que segue. Arrumamos Gabriel para o dia, tomamos café juntos e fomos levá-lo para a casa da minha mãe. 

Liguei para o obstetra e conversamos sobre a situação. Eu não queria ir cedo, muito menos sem necessidade para o hospital, então combinamos de irmos falando se mudasse o quadro. De qualquer maneira, ele avisaria o hospital e reservaria a vaga. Mandei uma mensagem para a minha doula e ficamos aguardando as coisas engrenarem. 
No final da manhã, a minha avaliação é que o processo corria bem lentamente. Então resolvi ficar mais em casa. 

À essa altura, as contrações já eram bem doloridas e incômodas, mas eu ainda desconfiava que podia não engrenar. Banho quente, caminhada e massagens. Tinha fome mas não consegui comer muito, apenas uma vitamina. 
No início da tarde minha doula chegou em casa. Conversamos um pouco, mas eu AINDA não estava convencida de que iria parir naquele dia (hahahaha). Liguei para o obstetra e ele sugeriu irmos ao hospital para uma avaliação e então decidir o que fazer. 

Quase 15h eu decidi ir fazer essa avaliação. Fomos pra maternidade. Cheguei lá e dei entrada pela emergência Eu já estava com contrações beeeeem doloridas, mas bem louca, achando tudo super normal. Na maternidade, por conta do lento processo de admissão na emergência, fiquei um tempo no saguão e tive várias contrações de contorcer o corpo. Incrível ver a cara das pessoas! Algumas grávidas e familiares cochichavam baixinho "ih, trabalho de parto...". Me olhavam com espanto, como se fosse algo de outro mundo. Surreal. 

Em outro momento vou me deter e escrever sobre o atendimento (bem fraco e questionável) dessa famosa maternidade carioca.

Eu estava em franco trabalho de parto, com 8 para 9 cm de dilatação. Nenhuma dúvida de que nasceria em breve. A plantonista ligou para meu obstetra, que chegou rapidamente. 

Eu já estava em outro mundo. Contrações alucinantes e tudo que eu queria era tomar um banho bem quente para relaxar. Por questões protocolares da tal maternidade, isso não era possível... a sala de "parto humanizado" estava ocupada, estava muito adiantada para ir para o quarto e me encaminharam direto para uma sala de pré-parto, no centro cirúrgico. Estava deitada de 4, era a melhor posição para aguentar as contrações. 

Não consegui tomar o banho quente que eu queria e fiquei louca. Estava querendo muito relaxar embaixo da água e não consegui. Nessa hora as dores estavam bem fortes e sucumbi, queria anestesia. Tinha combinado com o obstetra e com a doula de que não usaria anestesia, tanto é que nem tinha anestesista na equipe do obstetra, mas fiquei tão alucinada pelo banho frustrado, que me rendi. Lá foi o povo caçar o anestesista de plantão. Eis que chega um cara todo atrapalhado, eu urrava de dor, todo cheio de protocolos a cumprir e eu xingando ele loucamente pela demora. Ele quis colocar soro, eu me recusei. Crise. Um dos protocolos é só aplicar anestesia COM a paciente no soro. Exigi que não me fosse aplicado ocitocina sintética e aceitei colocarem o soro. Eu já tinha xingado tanto o anestesista que ele tava assustado. Pedi o mínimo de anestesia possível, a menor dose para aliviar um pouco da dor, mas que me permitisse todos os movimentos. Assim foi feito. O efeito foi incrível, relaxei bastante e curti muito. Voltei para a posição de 4 e seguimos no processo. Já sem as dores, passei a aproveitar mais o momento, sentindo os movimentos, fiquei de pé um tempo. 




Nada da bolsa estourar. Meu obstetra, que é acupunturista, me espetou 3 agulhas e em menos de 5 minutos: cachoeira. Nessa hora, pedi para trocarem o lençol da cama onde eu estava e pedi também para lavar o pé, que tava sujo da rua. Estávamos só nós 3 no quarto: eu, Renzo e a Raquel, a doula. Dali a pouco senti a cabeça encaixar e logo depois, coloquei a mão e senti a cabecinha, já coroando. Senti os cabelinhos, foi incrível! Avisamos à equipe e, por conta de mais um protocolo - ao meu ver desnecessário - da maternidade, tínhamos que mudar para a sala de cirurgia... eu já ia descendo da cama para ir andando, quando veio a enfermeira dizendo que eu tinha que ir de maca... Enfim, não quis entrar numas nesse momento, mas fui na melhor posição para MIM. Fui de 4, desfilando peladona em maca aberta, pelo centro cirúrgico do hospital! Depois fiquei sabendo pela doula que a enfermeira ficou resmungando e esbravejando! 



Enfim no centro cirúrgico, muito perto da chegada da pequena. Acho que foram umas duas contrações para ela nascer. Como eu estava de 4, fiquei olhando por baixo de mim e acompanhei a hora que ela nasceu, vi o exato momento em que ela saiu e foi aparada pelo médico. Que momento incrível! Ela apanas foi aparada e passada para o meu colo, no mesmo minuto. Foi lindo, mágico e indescritível.






O pediatra fez todas as avaliações com ela no meu colo. Clampeou o cordão e ninguém queria cortar. Pra encerrar com chave de ouro o parto lindo que tive, eu mesma cortei o cordão umbilical da minha filha. 

Sou muito grata a todos os envolvidos: Renzo, meu marido incrível e companheiro de aventuras, que apesar de todo nervosismo, estava lá firme e forte, me ajudando a conduzir o parto como eu queria. A Raquel, nossa doula, que acompanhou o parto, me lembrou de todos os combinados, fez massagem e ainda nos brindou com o registro das fotos que ilustram este relato! O Dr. Sérgio, meu obstetra E médico da vida inteira, que cuida de mim como gente, me conhece, sabe da minha vida e é medico como todos deveriam ser. 

Agradeço também a Cinthia, que pegou Gabriel na escola enquanto estava parindo a irmã dele e, sempre e por tudo, a minha mãe. 





14 fevereiro 2014

Todas as mudanças

Faz tempo que não escrevo. Aliás, faz tempo que os textos aqui estão raros... mas tem uma explicação, né? Marina
Nossa pequena chegou chegando, mexendo na vida, dando mais emoção.
Ela já nasceu há quase 3 meses e ainda não consegui publicar aqui. Quero muito escrever sobre o parto.

Também há quase 3 meses mudamos para a casa nova, então são várias arrumações. Físicas e emocionais. Adaptações em diversas instâncias. Um irmão mais velho demandando muito mais atenção. Ele, que ama e odeia a irmã ao mesmo tempo, teve que se adaptar e sobreviver ao caos instaurado na vidinha dele.
Casa nova, vida nova, irmã, férias, ufa.
Estamos aí no embate diário. Alternando momentos de pura delícia com momentos de caos e desespero.
Atividades simples se transformam em uma disputa de forças. Lavar um cabelo pode ser uma declaração de guerra.
Difícil. Mas vai passar, sei disso. Só torço que seja logo.

Em breve (espero) volto pra registrar o parto, com direito a fotos!! Rá! Dessa vez temos FOTOS!