08 outubro 2010

Aahhhhhhhhhh, amamentação...

Com os peitões que tenho, nunca duvidei da minha capacidade de produção láctea enquanto nutriz. Tinha certeza que a amamentação ia ser ótima, que eles não estavam aqui numa função meramente recreativa.

Li muito, sabia que não tem essa de pouco-leite, leite-fraco e todos os outros mitos da amamentação.

Preparei o peito dentro do possível: bucha sempre e sol quando que dava.

Logo na primeira hora, o bebê vem mamar. Acerta a pega de cara, boquinha certa, pegando o bico todo, tudo lindo e maravilhoso.

Até aí tudo ótimo. Meu bebê é um mamão profissional, nos primeiros dias ficava cerca de 40 minutos mamando. E começou a esfolar o bico e incomodar um pouco. O intervalo que ele fazia era apenas uma hora e meia - e só, entre as mamadas. Tome peito. E o incômodo virou dor. Quando o leite desceu, meu peito ficou enorme, Fafá de Belém, bem dizer. Mas isso foi quase nada perto da destruição dos mamilos. O bebê praticamente roeu os lindos biquinhos dos meus pobres peitinhos. Destruição total. Ficou em carne viva e a dor ficou insuportável.

A cada hora e meia tinha gritaria e suor frio em casa. De madrugada, quem incomodava os vizinhos era eu, não o bebê. Meu médico acompanhando de perto a situação, me mandou passar uma pomada de grafite (começamos de leve, na homeopatia): não funcionou. Íamos no consultório quase que a cada 2 ou 3 dias. O quadro evoluiu para um princípio de mastite, tive que tomar um antiinflamatório e passar uma pomada cicatrizante e antibiótica. Doeu muito, o tempo inteiro. Os remédios ajudaram um pouco, mas nada resolveu o problema. Doía demais, eu chorava muito a cada mamada, era desesperador, desgastante, um inferno. Nada parecido com o quadro lindo de amamentação que a gente ouve por aí.  Momento mágico o cacete.

Só que nada desse mundo me faria desistir. Eu simplesmente não aceitava não superar essa dificuldade. E não queria, por nada nesse mundo, que meu filho tomasse leite industrializado e fosse privado dos benefícios do leite materno. Nem por um dia sequer. Sou teimosa mesmo e pronto.
O Sérgio, meu obstetra, nessa fase se mostrou mais atencioso e solidário ainda. Me ligava todo dia para saber como estavam indo as coisas e me dar força para aguentar. E repetia toda hora: um dia vai passar.

Sofri horrores, não foi nem um pouco fácil. Mas como eu disse, não ia desistir por nada. Apesar de urrar de dor a cada mamada, não deixei de dar o peito nenhum dia, nenhuma hora. Livre demanda total. E o bebê demandava bem que só ele. Eu chorava de dor toda vez, Ren se agoniava - segundo ele, foi mais traumático pra ele esse período do que o parto. Enfim, o caos.

Usei bico de silicone, tentei várias posições: no peito direito - o mais dilacerado - ele só mamava na vertical, para tentar amenizar um pouco a agonia. Tudo paliativo e nada de melhorar de verdade. Aí cansei dessa coisa de passar pomada, ferver bico de silicone toda hora (fora que ele tinha muitos gases por causa desse bico) e resolvi parar com tudo e pronto. No peito e na coragem. Muita dor e DOIS MESES E MEIO depois, passou. Passou a dor e a agonia. O esquerdo melhorou um pouco antes, não me lembro quando, mas o direito levou exatamente esse tempo para ficar totalmente bom: dois meses e meio! E passou, tudo, toda a dor, toda a agonia, tudo.

E é uma delícia amamentar. É fantástico ver o bebezinho sugando o peito, se deliciando com o leite, ver o leitinho escorrendo pelo canto da boca. Ver ele engordar com o seu leite. Depois que passa esse momento de trevas, é realmente mágico e lindo. Mas não é fácil.

Por isso tem tanta campanha de amamentação, porque é muito fácil ter motivos para desistir. É preciso estar muito certa, decidida e querer muito amamentar para passar por essas e outras e continuar amamentando. Até se fala que às vezes é difícil, pode rachar, pode isso e pode aquilo, mas é raro quem diga a real e fale que pode sim ser um tormento desgastante para a pobre recém-mãe.

Só digo uma coisa: vale a pena. Vale a pena insistir naquilo em que se acredita. Quem quer de verdade consegue superar qualquer coisa, qualquer adversidade. E hoje, quase cinco meses de amamentação exclusiva em livre demanda depois, com um bebê super saudável, fofinho e com mais de 7kg, tenho certeza que a dupla orgulhosamente ostentada por mim não é mesmo só para diversão!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Ai, Malu, é sofrimento mesmo! Dois meses e meio? Tu tinha que ganhar um prêmio (além de sete quilos de pura felicidade) depois de tanta teimos... err, perseverança LOL.
Beijos, linda!
Flavinha (SB-Olinda)

Anônimo disse...

Prima, tive que ler esse post de novo! Realmente você teve uma situação extrema, incrível sua força e determinação! Pra mim tá tudo acontecendo, num sei no que vai dar! Corte no peito direito, dor e ontem inflamou, vermelho e quente, medo! Agora tô tratando, dá-lhe compressas, quente, fria, iogurte, aquela melequeira... Tenho uma parteira que vem me ver 2x por semana, ela me emprestou ontem um laser que deve ajudar a tratar esses ferimentos e inflamações, vamos ver, tomara!! Beijos! Oá