06 outubro 2010

O Parto

E o menino demorou, né? Todas as grávidas da época pariram antes, até a Luciana de Viver a Vida pariu antes e nada do meu...
E como até então o menino ainda num tinha nascido, todas as apostas eram realmente para o dia do meu aniversário. E assim foi, aniversário e lá vou eu pra maternidade! Iuhuu

Mas tudo começou na noite anterior, exatamente à meia-noite de 14 pra 15, sexta para sábado. Lembro que ficamos conversando até tarde e quando estávamos nos preparando para deitar, vi um pouco de sangue. Opa! é o tampão, pensei. Como estava sem contrações regulares, comentei com Ren e fomos dormir, nem liguei pro médico. Eu estava muito ansiosa com aquilo tudo e doida para parir logo! Há uns bons dois meses que não dormia direito (hahahaha, como se fosse "melhorar" depois de parir, hohoho), a barriga tava gigante e eu não via a hora de ver o pequeno. Aí que nem consegui dormir exatamente bem, ficava tentando reparar nas contrações, vendo se aumentava muito o sangue, enfim, acompanhando tudo.

Lá pras sete e meia da manhã resolvi ligar pro médico. Ele ia atender uma pessoa no consultório e me pediu para dar um pulo lá para dar uma olhada. A essa altura eu já estava tendo contrações legais, apesar de não muito próximas e bem doloridas. Fomos ao consultório, umas nove e pouco, ele fez o exame de toque e confirmou: é hoje! E ficou super emocionado ao saber que era meu aniversário! Combinamos de nos encontrar no hospital à tarde e me mandou pra casa.

Na volta, resolvemos tomar café da manhã numa padaria porque eu estava morrendo de fome. Não consegui comer quase nada, tomei um chocolate quente e um pão de queijo. Em casa, dei uma geral na matula e fui deitar para tentar descansar um pouco. Liguei pra minha mãe e avisei que à tarde iríamos para a maternidade, que passaríamos na casa dela para pegá-la. Em 15 minutos ela tava aqui em casa, de tão ansiosa que tava com tudo.

Aí enrolamos aqui, telefonemas parabenizantes, dores, contrações, médico liga pra saber como estão as coisas. O que tínhamos combinado era ficar em casa um tempo e só ir para o hospital com o trabalho mais avançado. Marcamos de ir pra lá às 13h. Chegamos juntos ao hospital, nós e o médico. Fiz o check in, autorizações e tals, fomos para o quarto. Como as contrações ainda não estavam muito próximas e teríamos que esperar avançar mais, ele me aplicou uma sessão de acupuntura e ficamos lá conversando sobre amenidades praticamente a tarde toda. Quando vinham, as contrações eram bem doloridas, mas suportáveis. Lá pras cinco da tarde, as dores já estavam bem fortes e incômodas. Fui de banho quente, cócoras, contorcionismo, mas a barra tava ficando pesada.

O Sérgio tinha descido para agilizar a sala de parto normal e eu fiquei no quarto contraindo. Aí começou a doer mesmo. Olha que eu tenho uma boa resistência para dor e aguento bem, mas teve um momento em que começou a ficar demais, até pra mim. Pedi pra chamarem o Sérgio porque eu queria conversar sobre anestesia. Eu tinha pensado em tentar ir sem anestesia, em só usar se fosse muito difícil. Nessa hora, eu já não tava mais me aguentando, quando soube que iam me levar para a sala de parto. Nos meus planos, a idéia era ir andando para a sala de parto, mas a dor já tava me enlouquecendo tanto que tudo que eu queria nesse momento era parir logo e parar de sentir dor que nem me abalei em ir de maca.

Chegando na sala de parto, tiraram minhas impressões digitais e deram uma roupa pro Ren vestir. Fui para a sala de parto normal, pequena, uma paisagem cafoninha com uma janela (??) pintada na parede, pouca luz, tudo ótimo. Conhecemos a equipe: o anestesista - pernambucano e doido, claro! E o pediatra. Às 18h tomei uma anestesia e em 5 minutos tudo foi ficando mais tranquilo de levar. Como foi uma dose pequena, eu continuava sentindo tudo, menos a dor forte. Batemos um papo com o anestesista sobre Recife, mudanças para o Rio e generalidades e todos sairam para a sala de médicos. Fiquei eu e Ren na sala de parto, posição de cócoras. Quando vinha uma contração, o Sérgio vinha, analisava o processo (eu ainda estava terminando de dilatar) e saía. Nisso fomos, contrações e contrações até a dilatação total. Ótimo, tudo pronto pra esse menino nascer! Até então, a bolsa não tinha rompido. Como as contrações estavam bem próximas, o médico resolveu romper a bolsa artificialmente pra ver se agilizava a história.

Daí pra frente, foi uma loucura. Já não lembro exatamente muito bem das coisas, mas depois da bolsa rompida, quando vinham as contrações eu me danava a fazer força e empurrar. Nada acontecia. Era uma força descomunal que eu fazia e nada. E nada. Nada do menino nascer. O Sérgio ia monitorando o coração do bebê de tempos em tempos. Como nada dele nascer, ele resolveu chamar uma médica auxiliar, que morava perto da maternidade. Rapidinho ela chegou, uma maranhense baixinha, meio general, que começou a dizer que eu tava fazendo tudo errado! Rá! E aí, como é o certo, caceta? Enfim, continuei fazendo toda a força do mundo inteiro, e apesar do jeitão, acho que ela acabou ajudando um pouco.

Mesmo assim, nada do bebê sair. Fiz muita força e nada. Eu já estava bem cansada nessa hora, mas precisava parir. Mais uma monitorada no coração do bebê e a cara do obstetra se transfigura. Ok, alguma coisa estava errada ali.
Ele vem falar comigo que eles resolveram me transferir para a sala de cirurgia. Fo-deu, pensei... vou pra faca, putamerdaquebosta! Até então estávamos só nós 4 na sala (eu, Ren, Sérgio e a generala), quando mudamos para a sala de cirurgia, estava a equipe inteira e mais uns dois enfermeiros, aquela salona iluminada, instrumentos mil, toda a parafernália cirúrgica. Apesar de não querer cesariana, já estava até resignada, porque o menino precisava sair!

Na sala de cirurgia, fui para a mesa, deitadona, crente que ia pra faca. Só que meu querido médico guardava uma surpresa: eles iam tentar uma manobra de kristeller para ajudar o bebê a sair. Era a última cartada, porque o bebê estava começando a entrar em sofrimento.
Durante a contração, dois médicos praticamente subiram na minha barriga e empurraram para ajudar o bebê a descer. Nada feito! Eu realmente não queria operar, lembro de ter pensado nisso nessa hora e tomar um folegão pra empurrar como se não houvesse amanhã. Na segunda tentativa, muuuuuita força, DOIS médicos em cima da minha barriga: pluft, sai o menino!!!! Eu nem acreditei quando ouvi o choro desesperado do menino, que alívio, ele chorava muito, muito alto, um ótimo sinal! Cagou a equipe inteira, pelo que me disseram, e veio diretinho para cima da minha barriga. Lindinho, cheiroso, super emocionante!! Putz, eu tinha conseguido parir o bichinho! Ah, cronologicamente, eram 20h24 da noite!

Todos bem, bebê ótimo, vamos em frente que ainda temos trabalho! Levaram o menino para pesar, medir e tudo mais, Ren foi junto para não deixar fazerem nenhum procedimento com ele, nada de colírios, injeções, leites artificiais, nada! E eu fiquei lá na sala de cirurgia, olhei pro meu médico e vi que ele tava me costurando. Não escapei da episiotomia. Mas sinceramente, acho que foi uma episiotomia salvadora, acho que sem mais essa ajuda, ele não teria passado. Partes costuradas, ótimo, tudo que eu queria era ir embora pro quarto pra ficar com o bebezinho. Esses foram os minutos mais longos de toda a gravidez! Da hora em que tudo acabou na sala de cirurgia até o momento que o pacotinho, devidamente vestido e acompanhado pelo pai, chegou no quarto! Toda a ansiedade de saber como seria o rostinho do bebê tinha passado e ele tava lá com a gente, lindinho, fofinho, rosa, cheiroso, um amor gigantesco.

Assim que chegou no quarto, foi pro peito. Acertou a pega de cara e danou-se a mamar lindamente. Caiu num sono delicioso e foi descansar, que o começo da história aqui pro lado de fora não tinha sido fácil.

Uma sensação maravilhosa, diferente de tudo. Acho que é por aí que a ficha começa a cair, quando o bebê tá do lado de fora. Enquanto ele tá na barriga, tem o amor, tem o cuidado, tem a expectativa, mas ele ainda é você. Depois que sai, a responsa é mil vezes maior. Claro que bate um "será que vou dar conta?", mas é só ver aquele rostinho lindo, dormindo numa paz avassaladora, que você tem certeza de que vai dar conta sim, pode cair o mundo, que desse pitoco eu cuido!

Um comentário:

amandagabriel disse...

"com ou sem emoção, mamãe?" é avassalador mesmo, né?
pra mim tbm teve essa de: ah! claro que malu vai ser uma mãe marvilhosa, e o ren é incrível." mas vendo vcs com o bibico dá um orgulho que só tem explicação quando se ama muito mesmo. eu não duvido nadinha =)