20 outubro 2010

balanço I

Esses dias meu cunhado me perguntou se eu já tinha feito um balanço da vida pré e pós maternidade.  Claro que muita coisa mudou nesse tempo, desde a gravidez e principalmente agora, com o bebê, mas ainda não tinha parado para pensar oficialmente. A pergunta me desafiou, e desde então não paro de pensar nisso!

São tantas mudanças, em todos os aspectos da vida, que fica difícil escrever sobre isso de forma sucinta. Vou tentar separar em áreas pra ver se facilita:

Trabalho
Já desde antes de engravidar eu tava muito de saco cheio da vida de produtora. Apesar de curtir a ralação, estava cansada do tipo de trabalho e dos fins em si dos projetos. Estava cansada de ter que lidar com egos superinflados, glamour descabido, estrelices e etcetera. Apesar de sempre ter renegado minha formação em educação, estava sentindo necessidade de voltar para esta área. Acabei não conseguindo. Engravidei, continuei fazendo trabalhos de produção, mas de uma outra forma: criando e formatando projetos. Ainda não é o ideal, mas é bacana. Ainda não consegui voltar a trabalhar com todo gás, mas já estou pegando alguns trabalhinhos de leve. É muito difícil ser freelancer e cuidar sozinha de um bebê ao mesmo tempo, ainda mais assim, tão novinho.

Casa
Casa com criança é bagunçada, com bebê é quase o caos. Não sei as outras mães/famílias, mas aqui tá um bafo! Tudo bem que já não era um primor da arrumação antes do pequeno, mas agora a sensação permanente é de que um tornado passou por aqui. O apartamento é pequeno, temos bastante coisa, móveis de família grandes (por exemplo, dois sofás de TRÊS lugares na sala), o "quarto do bebê" é na sala, então se as coisas não estiverem milimetricamente nos seus lugares a sensação é de bagunça. E quem consegue arrumar a casa com um bebê pequeno?? Eu mesma não dou conta. Agora, com ele um pouco maior, até consigo fazer alguma coisa, mas ainda não consegui vencer todo o acumulado até aqui. Não tínhamos empregada/ajudante fixa e sempre nos viramos, fazendo tudo. Mas com o pequeno começou a ficar impossível (até porque ele quase não dorme durante o dia). Aí quando eu tava ficando quase louca com a bagunça, resolvi investir numa faxineira que vem de 15 em 15 dias para organizar e limpar a casa. Ainda não consigo dar conta de muita coisa, a lavanderia continua atrasada, comida só consigo fazer no final de semana. Se pensar muito dá agonia, mas um dia isso se resolve.

Malu
Quando eu era criança, dizia que não teria filhos. Sempre fui mais pra moleca do que pra boneca, sempre tive mais amigos homens que mulheres e nunca tive saco para mulherzinha. Curtia brincar com criança, mas elas nunca me arrebataram loucamente do nada, assim, só de olhar. Até que veio Júlia (minha sobrinha) para as nossas vidas. Ali surgiu uma história de amor alucinado, inimaginável, gigantesco e infinito. Uma parceria como poucas e uma ligação de outro mundo. Depois dela fiquei querendo uns pra mim, mas ainda assim, nunca fui de babar por qualquer criança. Aí passou o tempo, namorei e juntei com o Ren e depois de um tempo, começamos a avaliar o tema. Nossos planos eram de tentar uma gravidez em 2010 e fomos surpreendidos com um bebê no final de 2009. Descoberta a gravidez, eu ficava esperando cair sobre mim o 'manto da maternidade', subitamente um dia sentir aquele arrebatamento materno, aquela coisa comovente e quase melosa. Que nada... sei lá se isso existe mesmo ou é lenda, só sei que comigo não rolou. Claro que eu amei ter um bebê na barriga, sentir ele crescendo, ouvir o coração nas consultas, ver a caveirinha nos ultrassons! Mas grávida não me senti "mãe". Aí fiquei esperando o nascimento, talvez quando eu olhasse aquela carinha, virasse "mãe" na hora! Rá, que nada! É indescritível a sensação de ver a cara do filho pela primeira vez, assim que sai da barriga. É muito emocionante, mas também não foi ali que eu virei mãe automaticamente. E depois que sai, é tanta coisa, são tantas emoções (hehe) que nem consegui ouvir os sininhos na hora que vesti o tal 'manto'. Se é que eu vesti, né? Porque claro que me sinto mãe do meu pequeno, mas não essa 'mãe clássica', continuo me achando a mesma moleca de sempre, só que com um piccolo a tiracolo. Sou muito prática e sem frescura na comparação geral com outras mulheres. E lidando com o bebê não tem sido diferente, tenho a impressão de que vou ser mais para "amigão" do que pra "mãezona"... só espero que um dia ele não vire e diga: poxa, mãe, você bem que podia colocar um batonzinho para vir me buscar na escola...

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